Dancers climbing the stairs, c. 1886-90
"Chamam-me o pintor das bailarinas", dizia Degas com tristeza, "não compreendem que a bailarina é um pretexto para reproduzir o movimento fluido."
Edgar
Degas foi o pintor do movimento.O tema tornou-se busca incansável para o
artista, basta apenas dizer que o universo do balé, sobretudo, com suas
bailarinas, foi um dos assuntos a que ele se dedicou, repetidamente, por
anos, em pinturas, desenhos e esculturas, Mas a busca do movimento não
apenas se traduziu nos gestos de leveza das bailarinas que figuram em
tantas de suas obras.
Degas não foi um artista que gostasse de fazer
pinturas de observação; não costumava sair a campo, como muitos de seus
contemporâneos, mas criar e recriar em seu ateliê obras que, em sua
maioria, representam cenas de balé, da beleza das bailarinas, mulheres
banhistas, cenas de interiores, retratos. Paisagens pouco lhe
interessavam, elas aparecem poucas vezes como fundo de alguma corrida de
cavalos.
Seu
amigo Manet desaprovava o gênero de pintura que ele praticava, mas
reconhece suas qualidades e elogia em especial seus retratos. Entre estes
estava The Bellelli Family, 1859-60, que traz uma composição
bastante ousada: posturas anticonvencionais e personagens focalizados num
momento de intimidade, com sutilíssimas expressões.
Outro
flagrante digno de nota é The Orchestra of the Opera, c. 1870, em
que ele focaliza seu amigo Désiré Dihau, músico que lhe possibilitou
freqüentar os bastidores da Ópera de Paris, logo transformados em
incontáveis obras. Sua concepção é totalmente inédita: trata-se de um
retrato ambientado, com Dihau a tocar, ao lado de seus companheiros, no
poço da orquestra do teatro. A liberdade no tratamento dos personagens e
de suas posturas dá ao quadro um sentido de instantâneo fotográfico.
Ninguém está posando e, no palco ao fundo, algumas bailarinas mostram os
corpos fragmentados, como se um fotógrafo, atento ao modelo central, não
tivesse pensado em enquadrá-las.
O seu
temperamento frio, distante, não estimulava a companhia de amigos e sempre
se sentiu e viveu como um solitário, segundo escreve Paul Valery em
Degas dança desenho (Cosac Naify) "por seu rigor, pela
inflexibilidade de seus julgamentos." Daí retratar tão bem a solidão no
quadro In a Cafe (The Absinthe Drinker), 1875-76, em que se
deve notar a posição oblíqua das mesas, o que antecipa o cinema e
lembra a velha pintura holandesa de interiores.
Outros aspectos da sua vida e obra se
encontram na 1ª e 2ª Mostras, já remetidas.
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Edmond Duranty,
1879 |
Four Dancers,
1899 |
In a Cafe (The Absinthe
Drinker),
1875-76 |
The Bellelli Family,
1859-60 |
The Duke and Duchess Morbilli,
c. 1865 |
The Orchestra of the Opera, c.
1870 |
Fundo
Musical:
Dance of
the Reed Fluter (Nutcracker)
Piotr
Ilitch Tchaikovski, 1840-1893
Produção
e formatação:
Mario
Capelluto e Ida Aranha
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