O prazer do
fazer
O artista plástico gaúcho Paulo
Byron oferece em sua produção várias vertentes. Elas se
complementam justamente pelo desejo de expressar, por meio da
imagem, uma visão de mundo. É no uso de várias técnicas sobre papel
que atinge resultados variados, ora mais viscerais ora mais
comportados.
Uma de suas linhas de pesquisa toma como assunto
diversas cenas dos pampas gaúchos, principalmente as imagens de
personagens locais dormindo embaixo de árvores com roupas em que o
vermelho e o azul predominam. São gerados momentos de uma
autenticidade possivel apenas para quem conhece esse
ambiente.
Estão incluídas, por exemplo, corridas de cavalos em
cancha reta e outras cenas em que a natureza se faz presente na
construção dos fundos, utilizando como referência o diferenciado
pôr-do-sol da Região do Sul, com infinitas tonalidades de vermelho e
laranja.
Outro tipo de visão plástica surge nos boêmios. Eles
aparecem sem rosto, em diversas composições, muitas vezes com as
garrafas de leite que roubavam das portas das casas após as noites
embaladas pela música. Os instrumentos e as muitas articulações dos
corpos criam um mundo de algum mistério.
Uma linha de bastante
densidade humana está nas crianças e nas brincadeiras de rua que não
existem mais. A forma de construção dos corpos merece referência
especial, pois está ali uma sinceridade de expressão que dá a
este trabalho uma rica possibilidade de
desenvolvimento.
Paulo Byron constrói então para si mesmo veredas
a serem percorridas pelo seu desenho ágil e pleno de possibilidades
de exploração do espaço. Em cada uma delas há muito a ampliar em
termos de riqueza técnica. A escolha de um desses caminhos ou o
mergulho em vários é a desafiadora encruzilhada a ser enfrentada
desde que ele não perca o principal mérito dos artistas dignos desse
nome: o prazer do fazer.
Oscar
D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo
Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de
Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil)
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