Encontro de 1998


Afonso Brito Chermont ( * )


Na verdade, o encontro da Aexcnf, começa bem antes: nos contatos que antecedem a sete de setembro; na reserva de local para ficar; na carona para Friburgo ; e, na permanente ameaça do Tof-Tof contando os dias que faltam. Esse ano, para mim, tudo aconteceu a contento. Tanto na ida como na volta não tive atropelo. A volta sempre é mais difícil, não só pelo fato inexorável da despedida, como pelas preocupações de trânsito congestionado na estrada pelo fim de semana prolongado, como pelo horário do avião poucas horas após o desfile.


A começar pela Majórica, na sexta feira, tudo tem uma motivação muito especial. Esta reunião tem, sempre, um sabor muito agradável: significa o reencontro; significa dizer que estamos vivos e prontos para o que der e vier; fica claro o prazer de rever os amigos diletos e reviver os tempos de coleguismo no CNF.


No sábado, com muita ressaca, a solenidade, na praça em frente a Matriz, organizada pela prefeitura foi bem interessante. A secretária de cultura da prefeitura de Friburgo, logo após o encerramento, disse a um grupo que estava conversando que se lembrava de nós nessa ou naquela circunstância. Eu quis retribuir às palavras carinhosas que Lúcia, esse é o seu nome, estava dirigindo a nos e disse que também tinha uma lembrança sua: lembrava-me que se chamava Lúcia, estudava no Modelo e tinha as pernas grossas. Juno, que estava na roda, logo comentou que esta era a melhor e mais importante referência.


Logo depois, no ginásio de esportes, me lembrei de muitos campeonatos que disputamos e , minha maior alegria foi ver o Paulo Aurélio( Macaco ) em plena forma no futebol e, do Silvério que sozinho conseguia fazer mais barulho que o Maracanã lotado . Havia combinado de jogar basquete, mas fui salvo pelo convite que me fez o The Best (presidente) para almoçar com o reitor da UERJ. O almoço foi bom quando, claramente, percebi da intenção do reitor de não causar qualquer problema para um grupo tão unido.


Na solenidade da assinatura do convênio, tudo era emoção: a fala do presidente; o improviso emocionado do Márcio Braga, que se refletiu em algumas lágrimas de todos os presentes; a autoridade do reitor em nós conceder um espaço, até entendendo a importância, o significado daquilo para nós. Nesse momento senti a falta de um muito dileto amigo: O Lopinho, que nunca falta, e que tem seu nome ligado à criação do CNF. Soube que ele estava na Europa e, só por isso, o desculpo pela ausência.


O Humberto, um cabeludo que estudou no colégio nos anos de 59 e 60, era, e ainda é, amigo do Evandro (Fifico). Nessa fase de reencontro, só o vi uma vez. Ele nunca aparece mas, comparece sempre com o queijo e o vinho e isso, faz a festa do sábado a noite. Lá estava o Conjunto Papoula, com os titulares: Silvério, Mussi, Paulo Eurico e, agora, o Dolabela. Houve também a participação de artistas periféricos e alternativos: o Aloisyo Goiabada, cantando, inclusive, musica nordestina; um baixinho que tocava violão e sua irmã cantava músicas românticas . Lembro do Fifico contando piada de tempo em tempo. Uma hora eu o vi tentando dançar de joelhos, com a Lola, (amiga de Sônia Barroso, que está cada vez mais bonita), com segundas e terceiras intenções.


Lembrei, que quando organizávamos as festas, naquela época do colégio, tínhamos uma preocupação grande com a camioneta que traria as meninas. Havia um horário especial para que elas subissem e, quando o barulho do motor anunciava a chegada, alguém encarregado comunicava: chegou a camioneta das "mulheres". A festa estava salva.


No churrasco, sábado, estavam muitos ex-alunos, pessoas que já não via há anos. Assisti o encontro do Marcelo (Palavrinha) com o Talvane, mais piadas do Fifico, e do Malandro Marcondes ). O papo com o Julo, Paulo Viana, Bela, Paulo Perobo. Senti a falta do Silvério, que me disseram depois que teve que retornar para São Paulo. Notei as ausências de: Parkinson, Avelino e Solange, André Cabeleira, Barata,Feijão, Luz, Márcio Dorneles, Neville, Nuno, Zé Meleca, Belinha, Longo, Paulista, Barata, Batatinha.


O desfile da Aexcnf que encerra, não só o próprio, mas, também, nossa participação no encontro do ano. Tudo foi muito interessante; Nós sabemos transformar as coisas simples e singelas com algo de muita beleza.


Sempre desfilo junto com Lulu, Fifico e desses vejo, sempre, uma vibração que não consigo explicar. O Fifico chora e quando percebe que estou lhe observando diz que está " tremendo que nem Toyiota em ponto morto". Vi o entusiasmo do Clóvis Cavalcanti que, sempre de passo errado, conduzia uma velha bandeira cheia de frufus e piduricalhos que, até agora, não entendi o que ela significava. Explico: a guarda de honra conduz as bandeiras do Brasil, do RJ, de Friburgo e do Cnf. Só perguntando à Maria Alice Antunes que é a encarregada dos bandeiras. Aliás, minha prezada amiga, estou a sua disposição par ajudar na recuperação das bandeiras mas sugiro, desde logo, que joguemos fora aquela que o Clóvis levou, com muita dignidade, é claro, por não termos identificado nela, nenhum significado.


Outras circunstâncias do desfile que me entusiasmaram: a viva emoção da Ana (mulher do Tof) que revelou que todo ano ela fica nervosa pensando que o desfile da Aexcnf não vai dar certo, mas, quando a banda começa a tocar tudo se realiza satisfatoriamente; conheci uma senhora, através de Sônia Barroso, não me lembro o seu nome, que se identificou à mim, como esposa do Júlio Éboli e irmã do Vilas ( um colega nosso que foi Diretor da Petrobras) e me contou do falecimento do Júlio; do abraço amigo: do Leonardo, do Chimbica que chegou da Coréia, do Irso Lunardi, que finalmente reapareceu; da quantidade de autógrafos que o Dolabela distribuiu; da empolgação dos que tocam na banda: Tof, Perobo, Mussi, Suen, Hilton, Bork, Reinaldo Henriques, etc., dos corneteiros; Chevrant, Waldir Costa,( aliás me lembro que quando ainda estudante, de tanto tocar corneta fiquei com os lábios inchados que não dava para beijar minha namorada após o desfile e, por essa causa, mais que justa, encerrei minha participação como tocante( segundo o Demóstenes) da banda, iniciando uma definitiva participação na guarda de honra ).


Comentei com o Talvane da vibração do Paulo Eurico em tocar. Quando o Talvane era o chefe da banda o Paulo Eurico tinha uma função importante, segundo ele, que era o de carregador de baquetas e, disso, nunca passou. Hoje, como progrediu! Além de tocar caixa-tarol, se for preciso, também, poderá cantar. Esse ano o Viana não foi porque estava desfilando com os ex-pracinhas no Rio. Constatei essa terrível traição, em uma reportagem do Caderno de Domingo do JB.


Exaluno ( CNF 1958 / 64 )


Setembro de 1998

Volta