CONTEMPLADO COM UMA BOLSA DE ESTUDOS


"Em companhia de sua progenitora, embarcou sábado para o Rio de Janeiro, de onde seguirá para Nova Friburgo, o menino Erich Dietrich Lemrnermann, que foi contemplado com uma bolsa de estudos no valor de Cr$ 100.000,00, oterecida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). O jovem Erich realizou o Curso de Aspirante ao Comércio, na Escola SENAC. Tendo sido classificado em primeiro lugar, submeteu-se a uma prova de seleção e, distinguido com o prêmio, segue agora para aquela cidade Fluminense, onde ingressará no Ginásio de Nova Friburgo. No clichê, o premiado, momentos antes de embarcar, na Estação Roosevelt, entre a sua progenitora e o prof Walter Barioni, diretor da Divisão de Ensino do SENAC." 27/02/51 — Jornal (foto)

E tudo começou assim. Um menino de calças curtas, contemplado com uma Bolsa de Estudos, partindo para Nova Friburgo. E que lá ficou durante 7 anos. Sem dúvida, um ótimo período de sua vida. Mesmo sentindo saudades de casa, pois só vinha para São Paulo durante as férias, fazia parte da ALPES - Associação dos Alunos Permanecentes, quando se despedia dos parentes e embarcava no trem ou no ônibus em Niterói, na companhia dos colegas, num instante se sentia em casa novamente. Como foi bom aquele período para ele!

Estudava, aprendia, praticava esportes, freqüentava as atividades extraclasse, ía para a cidade, ao cinema, bailes, "footing" na praça, etc., Enfim, tinha tudo: lazer, estudo, esportes, ótimos professores, ótimos colegas, naquela magnífica paisagem européia.

Até hoje ele se lembra da primeira pessoa que encontrou ao subir para o Colégio — Tio Chico, que, inclusive, arrumou alojamento para ele e sua mãe, enquanto prestava exame para ver se ficaria para o Admissão ou 1 série ginasial. A segunda pessoa foi o prof Amaury, que ao telefone do hall de entrada que ficava logo à direita, dizia para alguém "estive, no campo de futebol dando uma volta ". É impressionante como certos fatos as pessoas nunca esquecem. E já se passaram quase 50 anos...

O relato do ex-aluno Schulmann no site do Colégio retrata bem a nossa época.

Alguns fatos também são lembrados:

- - o Luiz Carlos Barata andando com uma "cobrinha" no bolso.

- - o Bork tocando na banda e na bateria.

- - o prof Campos vigiando os alunos na descida para a cidade.

- - o prof Guedes dando seus famosos avisos no pátio.

- - o dormitório dos "bombeiros ".

- - os jogos de futebol entre professores e funcionários.

- - o incêndio nas cortinas no auditório.

- - o Dolabella torcendo pelo Flamengo.

- - o Jackson tocando a cometa da alvorada.

- - o bolinho de carne Ponciano.

- - o "Pechincha" vendendo guaraná Mussi.

- - o dia em que colocaram um vidrinho de ácido sulfídrico no cine Eldorado.

- - o dia em que a prota. Lucy tirou as meias na sala de aula.

- - o Ford "Prefect "do prof Vicentinho.

- - o Miguel que passou direto no vestibular do ITA.

- - o Langoni como era magrinho.

- - o dia em que a seleção do Brasil visitou o Colégio em 1954. (Erich entrevistou o Bauer na P.R. Chacrinha e acabou sendo entrevistado por ele).

- - o dia em que o Zizinho visitou o Colégio.

- - e quantas coisas mais daria para escrever.

E assim, ao sair do Colégio, prestou vestibular na USP, na Faculdade de Ciências Econômicas, (sem fazer "cursinho "- para ver como era bom o ensino no Colégio), bacharelando-se em Ciências Contábeis e Atuariais. Começou a trabalhar nas áreas administrativas do SENAC, onde permaneceu durante 40 anos. Fez curso de pós-graduação e lecionou também à noite na USP, na área de Contabilidade, durante 30 anos. Esteve cedido para trabalhar um ano e meio em Brasilia na Secretaria de Mão de Obra, ocasião em que, por coincidência, encontrou o Prof Campos. E foi também diretor financeiro da TV Cultura, em São Paulo.

Casou-se, tem uma ótima esposa, dois filhos casados, e já é avô de dois lindos netinhos.

Reencontrou seu pai depois de 48 anos. O pai havia se mudado para os E.U.A. em 1946, não tendo tido qualquer contato com ele até 1995, ocasião em que o encontrou vivendo na Flórida, então com 86 anos de idade. Este foi outro fato marcante e emocionante em sua vida.

Agora, com 63 anos, Erich relembra, com saudades, aqueles tempos. Como o Colégio marcou nossas vidas, não é?

Um abraço a todos.

Erich Dietrich Lemmermann — ex-aluno — 1951-1957 (nos. 163 e 67)

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