Meu amigo Nilson José

No dia 06 de Abril do presente ano, fez 25 anos que nos privamos da companhia de um rapaz franzino de corpo, mas imenso de bondade! Não digo estas palavras por pieguice ou por pura emoção, pois quem o conheceu lembra da sua simplicidade, brejeirice e vontade de auxiliar a todos.

Desde o meu primeiro momento no CNF (Março de 1973), sentou-se na carteira ao lado para me "enturmar" com a "galera", eu era novato e ele veterano, e assim foi até o dia 5 Abril de 1975 (última vez que tivemos juntos em sala de aula). "Matávamos aulas de artes para jogar futebol na quadra da escolinha: eu, o Leandro Herthal, o Carlos Leal Teixeira (onde você está?), o Marcelo Pacheco, o João Augusto Pessoa, o Evandro Mussi (infelizmente também ausente do nosso convívio), o Aurélio Spinelli (brigão!), e outros que se juntavam a nós, os quais não me ocorre os nomes no momento.

O Nílson era botafoguense, e na época tinha um centroavante no Botafogo que se chamava Nílson Dias. Fez grande sucesso na época e apesar do nosso amigo jogar na defesa (era um jogador razoável!) o do botafogo que jogava como atacante, era o seu ídolo.

No dia 5 de Abril, sábado pela manhã na aula de educação física, tínhamos combinado de ir ao seu sítio em Furnas, mas como foi combinado de última hora, o programa "furou". No ano anterior tínhamos ido até lá, "maior galera". Era ele quem escalava as cavernas primeiro e nos puxava depois. Nós indagávamos: "Você é doido?!", o que ele respondia prontamente:_ "Eu não tenho medo da morte". E nem deveria ter!!! Pois ele era só descontração.

No domingo do dia 6 de Abril de 1975, estávamos eu e meu primo Murillo em casa, quando o Leandro Erthal ligou. Disse que o Nílson...Não acreditei! Pois coincidentemente, se não me foge à memória, o botafogo tinha ganho, acho eu, do flamengo por 1 x 0, com o gol de Nílson Dias. A princípio falei para o Leandro (botafoguense) que eu era tricolor e que não cabia a "gozação" e que aquilo não era modo de se brincar, embora fosse comum, na Fundação, brincadeiras deste gênero, tanto que brinco assim até hoje (já burro velho!).

Infelizmente não o era! Desliguei o telefone ainda achando que era "zoação", pois entre nós era difícil de saber quem era o mais "gozador". Desacreditando liguei para casa dele para continuar a brincadeira, mas pela tom de voz do outro lado...

Bem, voltemos aos momentos alegres, porque o Nílson era só alegria!!!...Volta e meia pedia-me explicações sobre matemática, fizemos vários trabalhos em grupo, quando freqüentávamos a casa um do outro. Certa vez inventamos uma brincadeira de virar e revirar uma bóia de câmara de ar com o indivíduo agarrado a ela. Estávamos, eu, o Leandro, o João Augusto, o Leal. Era um por um vez, até que o indivíduo soltasse a bóia. Ganhava quem resistisse o maior número de "viradas". Só que com o Nílson, não conseguíamos virá-lo mais que uma vez, pois quando ficava de cabeça para baixo (mergulhada na água) e a "poupancinha" para cima era a coisa mais engraçada do mundo! Parecia o telhado em "V invertido" de um chalé. Danávamos a rir e perdíamos a força para revirá-lo...Então ele ficava sem ar e soltava a bóia e ficava "pau" da vida conosco. Não conseguimos nenhuma vez. De outra feita o João foi tentar dar um salto mortal que eu o havia ensinado e....pumba! bateu com a cabeça na borda da piscina. O Nílson foi o único a manter a tranqüilidade e se prontificou imediatamente a levar o João Augusto ao hospital, se não me engano com a minha mãe.

Que me desculpe o Luis Edmundo e o Paulo Roberto (pessoas excelentes), mas o Nílson era disparado o mais generoso dos irmãos. Sua simplicidade ao vestir, no trato com as pessoas e o jeito brincalhão, embora tímido, assemelhava-se muito com o minha maneira de ser (até hoje!). Talvez por isso a grande afinidade entre nós.

Sou um humanista por excelência! Acredito em física, química, matemática, biologia e na maior ou menor capacidade do ser humano amar e fazer o bem, nada mais que isso! Mas por uma feliz armadilha do destino, minha primeira filha nasceu nesta mesma data (6 de Abril) 5 anos exatos após sua partida!

Hoje a Danielle Keller com 20 anos de idade, além de ser uma filha de quem muito me orgulho, representa para mim a memória viva do meu grande e inestimável amigo Nílson. Ela nasceu também num Domingo, proporcionando grande alegria a um pai de apenas 19 anos, contrastando com a tristeza do mesmo jovem exatamente há cinco anos anteriores com a perda do seu melhor amigo. Embora jamais fosse me esquecer do Nílson, o nascimento da minha filha naquela data, confirmou o que sempre disse a todos:

O Nílson era uma pessoa muito especial e feliz! Inesquecível!

25 anos se foram, metade do tempo relativo a fundação do nosso também adorado colégio...

Mas ainda sinto imensas saudades do meu grande e fiel amigo!

ALEGUCHI NÍLSON!!!

Romulo Keller
Aluno em 1973 (6a série),1974,1975 e 1977 (2o ano científico).

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